segunda-feira, 8 de junho de 2009

Poesia

Isa 08-06-09
Mais um poema de Pablo Neruda

Abelha branca zumbe ébria de mel em minha alma
e te estorces em lentas espirais de fumaça.
Sou o desesperado, a palavra sem ecos,
o que perdeu tudo, e o que tudo esvai.
Última amarra, ruído em ti minha ansiedade última.
Em mim gritas deserta e é tua a última rosa.
Ah silenciosa!
Fecha teus olhos profundos. Ali tange a noite.
Ah nua, teu corpo de estatua temerosa.
Tens olhos profundos de onde a noite se faz.
Frescos braços de flor e regaço de rosa.
Se parecem teus sonhos como brancos caracóis.
Veio a dormir em teu ventre uma mariposa da sombra.
Ah silenciosa!
Aqui se fez a solidão de onde estava ausente.
Chove. O vento do mar caça errantes gaivotas.
A água anda descalça pelas ruas molhadas.
Daquela árvore se queixam, como enfermas, as folhas.
Abelha branca, ausente, zumbindo em minha alma.
Renasce entre o tempo, delgada e silenciosa.
Ah silenciosa!
Autor : Pablo Neruda
Obra: 20 poemas de amor e uma canção desesperada

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