terça-feira, 9 de fevereiro de 2010



Ela
pode ser o rosto que eu não consigo esquecer
O caminho para o prazer ou para o desgosto
Pode ser meu tesouro ou o preço que eu tenho que pagar
Ela pode ser a música de verão
Pode ser o frio que o outono traz
Pode ser cem coisas diferentes
Em um dia

Ela
pode ser a bela ou a fera
Pode ser a fome ou a abundância
Pode transformar cada dia em um paraíso ou em um inferno
Ela pode ser o espelho de todos os meus sonhos
Um sorriso refletido em um rio
Ela pode não ser o que ela parece
Dentro da sua concha

Ela, que sempre parece tão feliz no meio da multidão.
Cujos olhos parecem tão secretos e tão orgulhosos
Ninguém pode vê-los quando eles choram
Ela pode ser o amor, que não espera que dure.
Pode vir a mim das sombras do passado.
Que eu irei me lembrar até o dia de minha morte

Ela
pode ser a razão pela qual eu vivo
O porquê e pelo que eu estou vivendo
A pessoa que cuidarei nos tempos e nas horas mais difíceis
Eu irei levar as risadas e as lágrimas dela
E farei delas todas as minhas lembranças
Para onde ela for, eu tenho que estar lá
O sentido da minha vida é ela

Ela, ela,ela

domingo, 7 de fevereiro de 2010

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

NADA ME PERTENCE

Tudo o que sei aprendi dos outros. Qualquer coisa que adquira, é obra de outros, e - que importa que as tenha pago? -
Sem o operário, escritores, artistas estaria nua.

Senão vejamos:
Se quero deslocar-me, tenho necessidade de máquinas que não foram fabricadas por mim.
Falo uma lingua que não inventei, e, os que vieram antes impoem-me sem que me aperceba, os seus gostos, os seus sentimentos, os seus preconceitos.

Se desmonto o meu EU encontro sempre fragmentos que vieram de fora. De tal forma, que poderia pôr, em cada um deles, uma etiqueta de origem. Isto dos meus avós, isto da minha mãe, Isto da minha primeira amiga.
Assim, ao fazer o inventário das apropriações, o Eu converte-se numa forma vazia.

Pertenço a uma classe, a um povo, a uma raça.
Não consigo evadir-me, faça o que fizer, de certos limites que não foram traçados por mim.
Cada ideia não é mais do que um eco.

Nada me pertence na realidade. As alegrias que desfruto devo-as ao trabalho e à inspiração de homens que já não existem, ou que nunca conheci.

Sei o que recebi, mas ignoro quem mo deu.

Tudo o que sou devo-o aos outros. Abandonada a mim própria, continuaria selvagem alimentando-me de raízes...